29 de maio: Abrantes completa 467 anos de fundação

Hoje, 29 de maio de 2025, Abrantes, na Bahia, comemora 467 anos de fundação. Foi nesta data, em 1558, que os padres jesuítas João Gonçalves e Antônio Rodrigues estabeleceram às margens do Rio Joanes o Aldeamento do Divino Espírito Santo, marco inicial da ocupação portuguesa na região.
A fundação e o legado jesuítico
A escolha do nome do aldeamento está ligada ao calendário litúrgico: 29 de maio de 1558 coincidiu com o Dia de Pentecostes, celebração cristã que marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Por isso, a aldeia foi dedicada ao Divino Espírito Santo, dando início à mais antiga festa do gênero no Brasil, tradição que permanece viva em Abrantes até hoje.
O aldeamento cresceu rapidamente. Entre 1559 e 1561, já contava com cerca de quatro mil habitantes, majoritariamente indígenas tupinambás. A missão jesuítica tinha como objetivo catequizar e organizar os povos nativos em torno da fé cristã, seguindo uma política da Coroa Portuguesa de centralizar os indígenas em grandes povoações.
Abrantes: de aldeia a vila
Com o tempo, o aldeamento evoluiu e, em 1758, foi elevado à categoria de vila, passando a se chamar Vila Nova do Espírito Santo de Abrantes. Este ato refletia a nova política da Coroa Portuguesa, que concedia igualdade civil aos indígenas, integrando-os como súditos do rei. Abrantes tornou-se, assim, a primeira vila indígena do Brasil, desempenhando papel central na administração regional até o início do século XX.
Em 1925, a sede do município foi transferida de Abrantes para Camaçari. Apesar disso, Abrantes manteve sua importância histórica e cultural, sendo reconhecida por seu legado jesuítico e indígena.
Patrimônio histórico e cultural
Um dos principais símbolos desse legado é a Igreja do Divino Espírito Santo, cuja primeira edificação data de 1558. Considerada uma das mais antigas do Brasil, a igreja é um testemunho da presença jesuítica e da fé que moldou a comunidade local. O sítio arqueológico da Praça da Matriz, em Vila de Abrantes, onde a igreja está situada, guarda vestígios que remontam ao século XVI, incluindo fragmentos de cerâmica e estruturas funerárias indígenas.
Celebrações e memória
A Festa do Divino Espírito Santo, realizada anualmente em Abrantes, é um dos eventos religiosos mais antigos do país, com raízes que remontam à fundação do aldeamento. A celebração, que ocorre no Dia de Pentecostes, reúne elementos religiosos, culturais e históricos, refletindo a rica herança da comunidade.
Conclusão
Celebrar os 467 anos de Abrantes é mais do que rememorar uma data; é reconhecer a importância de preservar a memória e valorizar o patrimônio histórico e cultural que moldou a identidade de Abrantes e da Bahia. Abrantes permanece como um elo vivo entre o passado e o presente, testemunho da resistência e da diversidade que caracterizam a história brasileira.
Por Emerson Sales